quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

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Tentei sair, mas acabei por entrar. A porta que abre, também fecha.
Quis fugir, mas fiquei. De qualquer maneira eu sempre voltaria.
Um dia quis voar, voar para bem longe. Fiquei sem asas.
Quis acabar, mas esperei. De qualquer maneira iria tudo acontecer outra vez.

Porém, caí num vazio, a motivação e a vontade de viver que me caracterizavam perderam-se. Os sonhos permanecem, contudo as dúvidas aumentaram.

Quanto eu gostaria de ser criança sempre, e não crescer. Viver o dia-a-dia com um sorriso sem preocupações.
Neste momento, tudo o que me agarra à vida, permanece em silêncio.
Demasiado discreta, invisível, ausente...

Estou, mas não estou.
E aquele sítio imaginário foi assombrado por um nevoeiro intenso.
O sítio onde realmente estou em paz envolvido numa névoa branca misteriosa. De certa forma nostálgica, de uma outra, alarmante.

Tudo está em silêncio, mas a confusão, a vontade de fechar os olhos e deixar-me cair predomina o meu ser.

A lua desapareceu: eu já não a vejo tão nítida, mas ela não me consegue mesmo ver.
O interesse e a amizade já não parece ser a mesma, talvez eu não seja importante para a lua como ela é para mim. É difícil saber que ela não percebe que é muito da minha vida, muito mais do que ela é para outras vidas.
Parece que a vontade dela é partir para outra praia. Não, por favor não!

Do mar, só vejo a espuma e as ondas geladas rebentam a meus pés, trazendo com elas solidão e medo.
O céu está cinzento e eu não encontro um lugar seguro.
Ando a passo apressado, sinto uma brisa atrás de mim.
Corro e já não paro. O olhar desvanece, a alma cansada e desmotivada cai na areia.

Oiço vozes e risos, vejo caretas e sorrisos.
Mas parece que isso deixou de ter efeito em mim.
Por fora, estou feliz. É o que parece.

Mas eu sei que quem realmente me conhece,
percebe que não é bem assim.

Por muito que sorria, o meu olhar diz que falta qualquer coisa.
E eu não sei o que é.
É injusto, tenho muitas razões para estar feliz.

E envolvida em pensamentos e sentimentos, uma confusão interior, sinto a falta de um abraço, daquele calor humano. Daquele amigo que nos abraça e diz que posso sempre contar com ele. De me sentir especial para alguém.

Sou igual para todos, todos me consideram igual a todos.
Não sou diferente nem especial para ninguém. Claro que tenho amigos que gostam de mim, mas eles também têm mais amigos.
Algo em mim não suporta ser apenas mais uma para todos. Algo em mim precisa que alguém lhe diga o que vale.

E nesta ausência, indiferença, invisibilidade apercebo-me que o que se torna rotina deixa de ser tão especial. E a presença deixa de ser notada, e a falta pouco sentida.

As forças que me fazem superar tudo, tudo pelo que vivo desaparece aos poucos e poucos

E um dia o coração adormece.

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