segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

11-02-2008 [12h44]


Saltei.
Saltei de olhos fechados. Ela tem razão. Foi como se tivesse à beira do precipício e quisesse saltar.
Acabei por o fazer, mas o vento bateu forte nos meus olhos e cegou-me.
Foi então que saltei, de olhos fechados, e o ar, essa coisa inofensiva, cortou-me.
Caí rápido demais..




Oiço o som das cordas da guitarra a tocar uma melodia conhecida, outrora sentida e vivida.
Reconheço palavras doces. Sinto o seu toque.
Sinto o cheiro a maresia, esse odor que tanto me acalma.

Porém, como se de trevas se tratasse, algo me assombrava a memória. Vejo um céu escuro, roxo e negro ao mesmo tempo. Vejo sombras e uma brisa arrepiante sussurra a meu ouvido. Oiço assobios de morte.
E o som da guitarra, as palavras doces, o toque, o cheiro a maresia.. Tudo isso se torna num eco. Transforma-se num silêncio ensurdecedor, como se tudo existisse e eu não o conseguisse sentir.
Fecho os olhos. Se não conseguir ver esta tempestade negra, não tenho tanto medo.
E como se a alma tivesse saído do corpo, vejo-me deitada sobre um fundo azul sereno, uma cor escura mas pacifíca. Estou de olhos fechados, imóvel. Não se ouve nada, uma serenidade invade o meu ser. Construo um mundo meu, só meu.

Levantei-me.
Não o corpo, mas a alma. A minha pessoa já não existia, apenas permanecia na memória de alguns. Lembro-me de quando os vi de negro, sob um céu cinzento. Pálidos de uma tristeza surreal. Sabia que choravam, mas não consegui reconhecer. Via apenas manchas, como se também eu chorasse.
Olhei à minha volta e vi. Vi areia, rochas, gaivotas a voarem. Vi o mar.

O mar. Só se ouvia o mar.
Aquela praia. Fui caminhando e apercebi-me que, agora, ficaria na praia para sempre.

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