domingo, 20 de abril de 2008

Adultos, jovens, estereótipos, relações e o que quiserem mais...

Já não é a primeira vez que penso nisto…
A maior parte das vezes parece que há uma divisão entre os jovens, adolescentes, putos (como queiram) e os adultos. Parece que são espécies diferentes e que cada um vive no seu mundo.

Os primeiros vivem embebidos em música, jogos, histerismo, internet. Têm que estudar e querem ser os melhores, os mais destacados. São parvos e não pensam, julgam que têm sempre razão e que o mundo gira à volta deles. Não sabem apreciar música, e só lhes interessa o que vem nas revistas e passa na televisão (de preferência MTV). São todos iguais, vestem-se todos da mesma maneira, fazem tudo o que os outros fazem, não têm personalidade. Querem sempre crescer depressa demais e vivem fechados nos seus próprios quartos, sem oferecer qualquer tipo de ajuda em casa. É uma juventude rebelde e preguiçosa, e a sociedade está perdida por nossa causa. É esta a imagem que a maior parte dos adultos têm (ou parecem ter) de nós.

Os adultos… Vivem para o trabalho, são injustos e aproveitam-se do poder que têm para fazermos o que eles querem. Chateiam-se por tudo e por nada e ignoram o facto de também sermos pessoas com opinião. Por falar em opinião, são muito selectivos quanto a já sermos crescidinhos o suficiente e a ainda sermos muito novos para alguma coisa. Gostam muito de apontar o dedo mas não olham para eles mesmos. São uns incompreensíveis e pessoas com quem é impossível estabelecer qualquer tipo de relação. É esta a imagem que a maior parte de nós tem dos adultos.

Ora hoje venho contradizer todos eles: os jovens e os adultos.
A sociedade não está perdida por termos nascido há 12, 15, 18 ou 25 anos. Que eu saiba quem está a, digamos, mandar no mundo são os adultos. Não somos nós. Não é a nossa juventude que está perdida, foi a deles que se perdeu. Talvez a nossa não vá por melhor caminho, mas por favor não descarreguem as frustrações em nós. Se o mundo está numa merda, a culpa não é nossa. Mas sim, alguns de nós, infelizmente, deitam mais lenha à fogueira, mas quem tem filhos, sobrinhos, netos (o que seja) e os conhecem deviam saber a quem atribuir as culpas.
Os adultos de hoje foram os jovens de ontem e também passaram pela fase do histerismo, da parvoíce e da ignorância. Não posso falar do passado deles, mas posso falar do nosso presente. Acho que até uma certa idade, sim, é verdade que atiramos bocas para o ar com o peito inchado como se o que dizemos fosse a razão, a certeza absoluta. Mas caramba, não exageremos! Todos começamos a ganhar juizinho a partir de uma certa altura.
Aprendemos a argumentar, a lutar pelo que queremos. A música que ouvimos, e que os adultos pensam que ouvimos, não passa da música que passa na rádio, ou seja, que nos dão a ouvir. E quem é que nos dá a ouvir? Pois, eu posso afirmar que oiço de tudo um pouco, sei apreciar boa música, sei de pessoas que têm uma grande cultura geral no campo da música e não só, e que não têm mais de 16 anos. Também gostamos de ouvir um bocado do que está na moda, mas ouvimos nós e ouvem vocês também.
Os estereótipos são uma coisa tramada. Tenho de admitir que existem para aí muitas pitas e putos que dedicam a vida a tentar subir na escala da popularidade. Mas não somos todos assim.

Agora também defendo os adultos. Óbvio que não defendo todos, defendo os que merecem ser defendidos dos nossos comentários.
Nem todos vivem para o trabalho, mas a sociedade obriga-os a isso, se quiserem viver minimamente bem. Se não forem eles a trabalhar, rapidamente virá alguém que os possa substituir. Como parte da família deles, ou simplesmente como amigos devíamos fazer um esforço por eles porque a nossa vida ainda é rosas, em comparação com a deles.
Parece-nos a nós que se chateiam por tudo e por nada, que nos mandam fazer alguma coisa vezes e vezes sem conta e estão sempre a dizer o mesmo ou a pregar-nos sermões. Eles estão cansados. Já estão nesta vida há muitos anos e a rotina aborrece, ainda mais se são eles que têm de fazer tudo.
Apontam-nos o mais pequeno erro, porque eles também o cometeram e não querem que nós nos magoemos como aconteceu com eles.

Acima de tudo, esses adultos são pessoas.
Acima de tudo, esses jovens são pessoas.

A personalidade, os gostos, as atitudes não mudam por ser jovem ou adulto.
A personalidade, os gostos e as atitudes dependem de cada pessoa.
Claro que a maturidade é algo que (supostamente) se ganha com o passar dos anos, mas como diz William Shakespeare “a maturidade tem mais a ver com tipos de experiências que se teve e o que se aprendeu com elas, do que com quantos aniversários você celebrou." Ainda há por aí muitos adultos frustrados por terem sido mimados, por acharem que viver era seguir os padrões da moda, adultos com uma auto-estima de merda. De quem é a culpa? Tanto dos pais desses adultos, que os criaram assim como desses adultos que já tiveram tempo e poder para mudar. Também há por aí jovens com bastante força, humildade e provavelmente com mais maturidade que esses adultos.

E sim, é possível haver uma relação entre jovens e adultos tal como é possível haver relações entre as pessoas. A compreensão, o respeito e a amizade são valores muito relativos. Está tudo nas mãos das pessoas. Basta darem uma oportunidade, outra e outra a essas pessoas: sejam elas jovens, sejam elas adultas.

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