terça-feira, 27 de maio de 2008

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Acordei e apercebi-me: o tempo não pára.
Espero pelo tempo, mas o tempo não espera por mim. O tempo que te traz e o tempo que te leva. O tempo que me traz e o tempo que me leva. Tudo o que fui, sou e serei; o melhor e o pior, e tudo o que mudei. Só uma coisa fica: esta ânsia de escrever.

E escrevo porque vivo. Se não vivesse, não valia a pena escrever.
Escrevo porque quero recordar. Talvez me perguntes: então porque não contas alguma coisa que te aconteceu em vez de falares de sentimentos?
Porque, mais tarde, não me importará o acontecimento, mas exactamente como me senti. Cada resto de felicidade ou de mágoa, o que me fez rir e o que me fez chorar.

Mas volto ao tempo.
O tempo que não passa e o tempo que corre. O tempo que dá e o tempo que rouba. O tempo que te trouxe e o tempo que te levará. O tempo de superar e o tempo de nunca esquecer.
Esse tempo que amo e odeio. Sejam horas, dias ou meses. O tempo que cresce connosco. O tempo que nos ensina e o tempo que demoramos a aprender.
Conto os segundos deste minuto. Perdi um minuto da minha vida e ao mesmo tempo ganhei-o. Estou um minuto mais velha, tive um minuto para parar e pensar. Neste minuto não fiz nada de útil, e no entanto o tempo passou.
O tempo que nos acaricia e nos esfaqueia. Que nos beija e que nos mata. Sim, esse tempo que nunca concorda connosco.

O tempo passa e eu escrevo. O tempo voa e eu também.Aterrei agora para te dizer que te amo. Apeteceu-me dizer: amo-te.

[...]

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