sábado, 5 de julho de 2008

Sons

Sento-me à secretária e penso no assunto que devo escrever, para
a minha primeira crónica. Penso, penso e não me vem nenhuma
ideia à cabeça, não sei o que escrever e os barulhos que oiço do
exterior, também não me ajudam a pensar. Mas, porque é que eu
disse “barulhos” se aquilo que realmente oiço são sons produzidos
pelo ser humano e pela natureza e enchem o nosso dia-a-dia?
Normalmente, estes sons não passam de barulhos ou ruídos do diaa-
dia, para quem é distraído. Mas será que é só isso que eles são? É
isso que eles significam? Ruídos?
Acho que nunca reflecti seriamente sobre os sons que oiço. Então,
decidi escutá-los por alguns momentos. Ouço um carro. Noutro dia
qualquer não teria ligado ao carro, mas hoje ouvi o barulho que as
rodas do carro fazem ao deslizar na estrada e o som da buzina. São
sons ensurdecedores que não gosto muito. Um pouco mais tarde, o
chilrear de pássaros, o bater das suas asas e é um som de liberdade
e a melodia que sai dos seus biquitos transmite felicidade e
paz.
O vento sopra fortemente e com ele são arrastadas as folhas e o
seu barulho faz-me lembrar o uivo de lobos.
As pessoas conversam na rua: umas sobre as novidades, outras
sobre assuntos menos felizes… Quando já vão longe, gosto de ouvir
as suas vozes a afastarem-se.
Cães que passam na rua ladram alegremente ou ganem com tristeza.
Estes são os sons que mais me agradam, pois vêm da natureza ou
dos animais que estão em contacto com o ser humano.
Num dia qualquer, estes sons passar-me-iam ao lado, mas hoje
ouvi-os e guardei-os. Eles fazem parte do meu quotidiano e agora,
foram eles que me ajudaram a fazer a minha primeira crónica.

Maria Martins

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