Ontem pensei, enquanto estava a ver os jogos paralímpicos, eu nao queria nada perder algo de mim, da parte fisíca. Por vezes penso.. "e se perdesse um braço?" ou então qual dos sentidos preferia perder..
Deixar de ver? Não, não seria capaz de deixar de conseguir ver o sorriso daqueles que amo, ou de simplesmente olhar nos olhos de uma pessoa.
Deixar de ouvir? Deixar de poder reconhecer a voz de alguém que conhecemos, ou simplesmente ouvir a doce melodia da música em si? Não..
Perder os braços? E nunca mais conseguir abraçar? Ou simplesmente dar a mão à pessoa que amo?
Tudo isso faz-me uma confusão tremenda, mas depois vejo por outra perspectiva, como se de outro assunto se tratasse. Sempre gostei mais dos paralímpicos do que dos Olímpicos, acho que são muito mais originais e de certa forma engraçados de ver. De ver como a força de vontade, a força do espirítio de cada um, com as barreiras do mundo real, consegue fazer coisas lindas, consegue vencer tudo e ultrapassar os limites.
Aquela visão de que a vida é para se viver um dia de cada vez, a vontade de ser feliz apesar de tudo... Aquilo que eu acho que nós, pessoas ditas "normais" não temos. Só nos queixamos das injustiças dos pais, da seca de ter de estudar, de nos levarem para sítios que não queremos, a culpa é sempre dos outros e o mundo está perdido.
Não está, enquanto houver esperança. E nos ditos "inválidos" há mais esperança do que em qualquer sujeito "normal"
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