segunda-feira, 17 de novembro de 2008

estado de espírito - 17/11

Esse vazio voltou e parece não haver maneira de o preencher de vez. Vai sendo preenchido ao longo do dia, mas quando o sol se despede e a lua volta parece que ela me obriga a olhar para a pequena e dura realidade que me envolve, mais do que devia. Já não sonho com ele, pois não. Estou na pior fase em que um apaixonado pode estar, e desta vez, apesar de saber claramente quem são os meus amigos e que posso contar com eles para tudo, há um vazio que eles não podem preencher. Apenas me podem segurar, e mesmo assim parece que, embora não seja culpa deles, já não dá para aguentar o peso de conseguir esquecer e seguir em frente, mais uma vez. Penso que não era uma, ou várias forças individuais que me sustentavam. Era antes aquele núcleo, aquele grupo, o todo que me envolvia, o conjunto de todas as amizades, que soubessem ou não soubessem a razão dos sentimentos que me destruíam, pouco a pouco, o que me restava de alma. E porquê? Porque a sua presença - e bastava isso - me confortava.

Mas com um vazio, junta-se mais outro.

Tal como já referi, às vezes comparo-me a um passarinho.
E esse todo, esse ambiente que me era como o meu ninho, sei bem onde fica. Mas de que vale um ninho se não tem os passarinhos e a mãe a alimentá-los ou a aquecer os ovinhos? É apenas um ninho, e apesar de ser um lugar memorável com recordações de momentos que provavelmente ficarão no coração até morrermos, vai perdendo o significado. Porque o significado não está no lugar, mas no que lá foi partilhado.
E se estou a explorar novos horizontes, a divertir-me, a tornar-me independente, a libertar-me... Por vezes sinto falta do ninho, na altura em que havia uma "mãe" que cuidava de nós, em que eramos unidos como irmãos e nada nos deitava abaixo. A saudade de quando me sentia em casa. Agora não me sinto em casa. Pois não. Em lado nenhum.
Nem mesmo no tal ninho. Falta lá o que preenchia esse ninho. Um ninho vazio, é apenas isso. E quando olho para ele, sinto o mesmo vazio.
E quando nos sentimos vazios, isso não passa de uma expressão, uma indicação de que falta algo. Na realidade, vivemos e revivemos todo o tipo de sentimentos. A saudade, o arrependimento de não ter aproveitado mais, a tristeza de já nada de nada ser igual, o desejo, ânsia do reencontro. Uma esperança, que de pequena se torna grande, de voltar ao verdadeiro ninho.

Esses sentimentos ficam tão à flor da pele, que a lua faz com que a maré suba, e tudo transborda pelos olhos.

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