sábado, 13 de fevereiro de 2010

Valentine's day letter

Escrevo-te, pela primeira vez em memória de Valentim. Renuncio à rebeldia dos corações mal-amados, às fugas do desespero interior e a todo o deserto de vida sem ti. Não é sorte, nem é sina. É olhar os teus olhos e ver-me neles, como espelho que conta histórias de um tempo que já passou. Avisa-me de tudo o que mudou, meu querido, pois eu já não sei mais ver-me sem admirar esse teu vulgar olhar... E cada perdido traço da tua face, ou despercebido pormenor de uma expressão tua. Soubesses tu que me és uma espécie de céu, ou pedaço de mar. Numa noite inquieta, um suspiro escondido e minha voz de poeta. Não sabe o que perdeu, quem te perdeu. Sei-o eu, em cada sono acordado depois de um secreto adeus.

Palavras? Nada mais que segredos de quem nada fez. Por isso, peço-te do fundo do meu coração. Leva-me daqui, para fora do meu conforto. Vira o meu mundo ao contrário e faz com que me perca nessa imensidão que somos nós. Um nada convertido em tudo, e um tudo convertido em nada. Esse querer e não querer. Leva-me, nada importa desde que eu saia daqui. Deixa-me sentir o calor da tua pele, esse teu abraço sentido, o teu aroma inconfundível. Beija-me, para depois te arrependeres... E voltares a beijar-me logo a seguir.

A ti, meu ser de discretos encantos, te escrevo.
Neste dia - como em todos os outros - em que tanto te quero.

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