sábado, 3 de dezembro de 2011

non-writing.


Bom, acho que já estava à espera. Este dia tinha de chegar. O dia em que eu não sei que raio é que hei-de escrever. 

Já dizia o meu irmão de alma, há uns 5 anos atrás, na altura em que tinha blog. Quer dizer, ele ainda tem blog, mas nunca mais escreveu lá. Foi a primeira vez que ouvi, ou melhor, li esta coisa do non-writing. Este é um gajo cheio de talento. Desperdiçado. Não todo, mas para o que pode dar...

Por isso, vou-me limitar a não escrever. (...) Para muitos, o não escrever é parar, pousar a caneta, lápis, fazer uma pausa, comer um kit-kat. (...) Para mim, o não escrever vai ser a minha liberdade. Sem regras, sem restrições. 

E basicamente é isto. Escrever sem me preocupar com o sentido das coisas que digo, em ferir susceptibilidades, em encantar os poucos leitores que tenho. Escrever sobre nada. Escrever sobre tudo. Escrever sobre tudo e nada. 

Sinto que muito perdi. Perdi na mesma medida em que ganhei. Estou farta de ter o coração mole, sempre sempre prestes a partir-se, a desintegrar-se em mil bocadinhos de desilusão e dor. Perdi muito de mim, perdi muita da inspiração que tinha. E a culpa não é de ninguém, é apenas do meu coração fraco. Que se apega demasiado a muito muito poucas pessoas. E enquanto escrevo isto oiço uma música que descobri muito recentemente, perfeita para acalmar o espírito nervoso que tanto me tem caracterizado. 

Wouldn't be a lie. É o nome da música. Ainda nem ouvi a letra, apesar de a música já ter tocado umas quatro vezes. Sinto-me um talento desperdiçado. Sei que tenho algo em mim que me pode fazer brilhar. Mas não sei o que é. Cada vez me conheço menos. E pareço triste. Sinto-me triste quando me rio. Talvez seja do cansaço. Tornei-me uma pessoa cansada. Na verdade, isto é mentira. Apenas me sinto assim. Todos temos alturas em que nos abatemos mais. Eu abati-me há poucos dias mas sei que se não escrever, se não deitar cá para fora acabo por deixar arrastar isto. E não quero mais. 

Agora mudei para uma música mais alegre. Diga-se, de passagem, que nunca tive um ano tão mau em termos de cultura musical. Não me actualizo há séculos e quando o faço, é com música brasileira ou portuguesa. Bimba. Talvez por transmitir tanta alegria. Talvez por ser a minha cara essa diversão toda que se pode tirar a dançar algo assim. Sempre gostei de me rir. De me divertir. As letras são pobres, mas o instrumental dá vontade de esquecer o mundo. É como ir a um concerto ao vivo. Não é o mesmo que o ver em DVD. Estou sempre a discutir isto com os meus pais. Não percebem a minha pancada de só pedir bilhetes para concertos no Natal e no aniversário. Não percebem que sou uma pessoa feliz a viver a música ali ao vivo. A viver a dança ao vivo. A absorver todos os movimentos, a deixar-me envolver na história e a viver cada conceito. A sentir a mensagem. Simplesmente não percebem.

Não percebem como eu gosto de participar nas coisas. De viver em vez de ver. Após me terem mandado uma certa e determinada boca decidi que está na altura de me impor. 

Não me apetece escrever mais merda. Sim, porque isto tudo é merda e nada de jeito trás à minha vida, ao blog e ao mundo. E pronto. Estou apenas a expressar-me, estupidamente.

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