quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A Música

Estavamos simplesmente a ouvir musica.
Este seria o cenário de terceiros que nos olham sem olhos de ver.

Depois aqueles que olhavam um pouco mais atentamente, percebiam que não era só musica, era algo especial.

Sim, estavamos a ouvir musica. Mas aquela musica tinha um significado imenso para mim, e penso que para ti também. Foi num dia de férias, que tu disseste "tenho uma musica para ti". Estava ansiosa por recebe-la. Fui ver a letra.
Por momentos, o meu coração parou e eu queria pensar em qualquer coisa pra te dizer (havia ficado sem palavras), mas tu já tinhas ido embora.
O meu coração parou e senti que tinha entrado num mundo diferente.

Engoli em seco. A música era mesmo perfeita. Era tudo o que eu nunca esperei que me viesses dizer.
Engoli em seco, outra vez. Seria mesmo real? Serias mesmo tu a fazer isso? Ou seria apenas mais um sonho, como tantos outros em que tu apareces?

As férias acabaram, e todos os dias eu ouvia a música.
Não tinha ido ao primeiros dias de aulas, mas iriamos ver-nos naquela noite.
Por momentos pensei que tudo aquilo não passassem de palavras, como fazias antes.

Mas rapidamente percebi que não. Tu tinhas mudado, e em parte eu também fui mudando.
Nunca poderei dizer que perdi tempo com a nossa amizade, porque eu cresci mesmo muito contigo.
E desde aí que a nossa amizade foi-se tornando mais profunda.

Aquela música continua a tocar nos meus ouvidos.
E fora há pouco tempo, esse dia em que o cenário era apenas duas pessoas a ouvir musica.
Eramos nós os dois a ouvir aquela musica.
E de repente ficaste inquieto, e começaste a mexer nos bolsos. Deles, tiraste um pedaço de papel de caderno dobrado.
"Foi uma coisa que escrevi", e eu li.
Era um poema teu. Era grande, mas mesmo perfeito.
Ao ler certas palavras, frases, engolia em seco. Tinha ficado petrificada com o que escreveste. Tal e qual como fiquei quando me enviaste a música, ou talvez um pouco mais.
Não sei porquêm havia versos que mexiam comigo.

Quando acabei de ler, devolvi-te o poema. "Está lindo" foi a unica coisa que consegui dizer.
Perguntei-te para quem era, e começaste a enrolar a conversa. Tudo bem, eu também não costumo dizer a quem dedico realmente os meus poemas.

"Tinha de mostrar a alguém", foi o que disseste. E esse alguém fui eu.
Senti-me mesmo feliz. Senti que fazia a diferença na tua vida.

E é assim que me tenho sentido durante este tempo todo,
sempre que vens ter comigo e me falas,
sempre que me mandas algum bilhete ou simplesmente perguntas se está tudo bem,
sempre que pões o teu braço a minha volta,
sempre que me vês mal e ficas mesmo preocupado,
sempre que nos chamamos de bebés,
sempre que vens ter comigo só para estar comigo,
sempre que vamos ao cinema,
sempre que nos rimos,
SEMPRE!

E aquela música, jamais será esquecida.
Obrigada.

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