quarta-feira, 1 de outubro de 2008

a saudade, o mar...


Saudade é uma pequena (ou por vezes, grande) dor, embora digam que é apenas uma prova de que algo valeu a pena. Valeu a pena, mas acabou ou está muito distante. Às vezes somos capazes de voltar a isso que nos traz tanta saudade, outras vezes isso simplesmente é-nos tirado à força e nunca mais o vemos.
Essa picada no coração por vezes é atenuada com as memórias do momento. E neste momento, estou sentada num banco do paredão do sítio que eu mais gosto no mundo. Na fronteira entre o sítio que sempre sonhara desde criança e onde passei a minha infância e o sítio onde realmente estou e onde fiz os amigos chamados 'para a vida'. Olho o mar, as praias estão longe e cada uma para seu lado. Simplesmente olho o horizonte.
Às vezes gosto de estar sozinha. Não é uma maneira de me isolar das pessoas, mas sim de me fazer acompanhar dos meus pensamentos, memórias e emoções. Poder perder-me dentro de mim sem ter de prestar atenção a nada.
E confesso, a saudade assola-me todos os dias mas eu torno essa saudade pouco nítida. Como me disseram, sentir a dor da saudade é inevitável, mas sofrer por ela é opcional.
Desvio o meu olhar para a baía mais bonita, a de Cascais. É inevitável eu amar este sítio. Este mar tão sossegado, longe já do cheiro a bronzeador e do ruído da multidão que faz da ida à praia uma rotina.
Mais uma vez, perco-me no tempo e no sentimento. Mato essa saudade que eu tinha do mar. Falei ao mar e vi que a distância, agora, iria ser menor.
Olho o horizonte, e o mar disse-me para enfrentar o presente e o futuro pois , mesmo que já nada seja o mesmo, este laço que criámos, tudo aquilo que nele me cativou , mantém-se intacto. Quer eu o vá visitar regularmente ou não, quer chova, quer faça sol, o mar, esse, vai estar sempre, mas sempre lá. Mais do que nunca.


saudade
não é coisa
que fica no peito,
nos membros,
ou no músculo.

saudade é simplesmente:
o nada,
quando se disfarça
de tudo.

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