terça-feira, 20 de janeiro de 2009

desculpa

Bati no meu cão, o ser que mais adoro no mundo..

Bati por ele ser cão, e por não ser cadela. Por andar todo tarado e a ganir para tentar montar as cadelas. Escolheu um mau dia para me chatear.
Bati num cão velho e cego, quase surdo e com problemas nos ossos, que provavelmente não viverá muito mais tempo, para além das operações e complicações por que já passou. Num cão que vinha até mim quando eu chorava, que a melhor coisa do mundo para ele era ver-me chegar a casa. E tenho vindo a cometer um erro ao longo destes anos, fui-me afastando. Ele foi envelhecendo e eu fui ficando mais afastada do ser que não consegue simplesmente viver sem mim. E eu bati-lhe com força, descarregando neste pequeno e fraco animal que viveu comigo uma vida, a raiva que tenho do mundo.

Só me apercebi disso quando o cão que mais gostava de mim fugia, a tremer, não queria estar comigo... tinha medo de mim. Doeu-me bastante a mão, ficou vermelha, inchada até. Mas doeu-me mais a alma, e foi por isso que no quarto desarrumado da pré-adolescente da casa, ajoelhei-me, abracei-o e segredei ao meu velhote: desculpa.

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