segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Famílias

Por Margarida Almeida 


Fathers, be good to your daughters
Daughters will love like you do
Girls become lovers who turn into mothers
So mothers, be good to your daughters too


Nunca tinha pensado realmente nisto. Na influência que os pais têm nos filhos... Parece uma coisa estúpida, é óbvio que influenciam, são eles que nos educam e a educação que nos dão é a base de muita coisa. Mas... E se falarmos em termos de "instintos"? Em formas de sentir? Afinal,  nós somos o que eles fazem de nós, basicamente. Seja por nos moldarem à sua maneira, seja por sermos nós a moldarmo-nos consoante o que achamos deles, ou da nossa relação com eles. Até o que dizemos! Muitas vezes, dou por mim com o mesmo discurso que odeio ouvir da minha mãe. Ou a reagir tão tempestuosamente quanto ela ou tão agressivamente quanto o meu pai. Não quero estar a difamá-los, eu gosto muito deles, mas a maior parte do tempo acho que não conhecem a filha que têm... Levo com muitos abre-olhos, é verdade, mas há um limite para tudo. 

Nunca fui uma pessoa muito serena, tenho os nervos muito à flor da pele e quando o caldo entorna que fuja quem o entornou... E, hoje, sou uma pessoa que se precisar de gritar grita, e deixa-se levar pela exaltação e pela fúria, ofuscando o bom senso que normalmente até tenho. Não sei até que ponto isso não se deve à dinâmica familiar cá de casa... Que não é a melhor, há alguns anos... Ter-me-iam poupado muitas lágrimas, se as discussões cá em casa não fossem tão frequentes. Essas mesmas discussões que me levam a dizer há mais de cinco anos que aos 18 saía de casa. Tal já não me parece tão provável, por falta de meios económicos, mas também já considerei ir passar uns tempos com a minha avó da parte paterna, a ver como corre... Adiante... 

Desde que conheci a família dele, que as relações familiares têm tido um peso maior nos meus pensamentos. Foi outra porta que me abriu. Vi de perto uma relação boa, saudável e, acima de tudo, de amizade entre eles. Por mais e maiores que as discussões sejam, sei bem que são de coisas normais como as notas ou de preocupação com o bem-estar e não de "se fores para o curso x não te pago os estudos" ou "para que é que queres tirar a carta se não vais ter carro?" ou "vocês não fazem nada em casa" (mesmo que a Margarida ande armada em fadinha do lar e faça mais do que os três juntos) ou - e esta foi a última - "PORQUE É QUE AS CADELAS NÃO ESTÃO NOS QUINTAIS CERTOS?? (*) NÃO ATINEM NÃO, QUE VÃO LEVAR MUITAS CHAPADAS NA VIDA"

E, sinceramente, tenho medo de que isto se "pegue", este mal-estar contínuo e infelicidade de vida. Uma pessoa feliz não arma um escândalo por causa de cadelas e de quintais, a menos que as primeiras tenham esburacado os segundos. Daí querer sair desta casa, não quero que esta "doença" me infecte. Felizmente, a escrita mantém-me minimamente sã, assim como as pessoas com quem desabafo. 

E é o que vejo na família dele que, com qualidades e defeitos, me dá alguma esperança...


(*) as minhas cadelas, como se não bastassem os tornadinhos cá dentro de casa, também são estúpidas e, alinhando no clima de "vamos ver quem ganha a discussão", guerreiam por tudo e por nada... se não é pela comida, é pela osga meio comida na boca de uma e que a outra faz tudo para a ter também, ou a ver qual delas faz xixi em cima do xixi da outra... então separamos as bichas, cada um para seu quintal, e hoje fiquei a saber que é pecado pô-las trocadas nos quintais, não vão as meninas perderem-se naquela imensidão de pequenez...

1 comentário:

' Claudjinha disse...

Olha, a minha familia tb sempre foi assim. era insuportável estar com a minha familia materna toda juntar, não dava, ficava surda só com os gritos, mas gritos mesmo assutadores, por causa de coisas como uma faca. eram tão más (ainda por cima só mulheres) umas com as outras, que se chatearam todas. a minha mãe nunca mais falou com elas. mas a minha mãe ficou "infectada". nao ha dia que nao chegue a casa e não me f*da o juizo! pode ser a gritar ou nao, mas a verdade é que chateia.

eu fico triste, mas racionalizo sempre e nunca deixo que me "pegue". sou uma pessoa calma e não faço escandalos por tudo e por nada. há 20 anos que vivo no meio de gritos por coisas parvas... e continuo calma e detesto gritar seja com quem for.

a familia do meu namorado é o contrario da tua. são talvez piores que a minha! ~só a irmã e a mãe dele.... JESUS! só para teres uma ideia, aquilo era tão mau que eu deixei de ir lá a casa dele quando elas estavam lá.

quero fugir desses ambientes...


beijinhos