sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O lado "obscuro" da Praxe


Muito se tem especulado sobre o incidente no Meco e claro que os movimentos anti-praxe não perderam a oportunidade de gritar ao mundo o quão horrível a praxe é, até mata estudantes! Bom, eu não vou entrar em extremismos e dizer que a praxe é o paraíso e que nunca ninguém morreu nela pois estaria a mentir (já aconteceu, infelizmente). Eu respeito as pessoas que não gostam nem se identificam com nada da praxe. Respeito as pessoas que não a compreendem nem querem compreender e para as quais a praxe é totalmente indiferente. Só não lhes admito que nos chamem de tiranos, de bestas que necessitam de maltratar os outros para se sentirem superiores e de rebanho de ovelhas acéfalas. 

Reconheço, embora me custe como estudante e praxante, que há praxe que nem sequer é digna de ter esse nome. Praxe que humilha, que maltrata, que é inconsciente e imprudente. Reconheço! Mas isso não é praxe, é estupidez. Mas claro que apenas a praxe estúpida tem tempo de antena. Os telejornais abrem com imagens de jovens sofredores a fazerem flexões, de estudantes reprimidos aos pés dos veteranos, de caloiros atados com cordas, presos a uma tradição sem escrúpulos. Indignam-se os pais e pedem aos filhos que não participem neste acto macabro. Explodem comentários nas redes sociais, insultam-se os universitários, criam-se movimentos para acabar com a praxe de vez e toda uma panóplia de guerras nascem de uma triste notícia em que seis jovens faleceram, por estarem no sítio errado. Por terem decidido ir para a praia quando todo o país estava em alerta laranja. 




Mas adiante. Com tantos jornais e noticiários a passarem incessantemente imagens repetidas de má praxe ou simplesmente fotografias que fora do contexto transmitem retratos extremamente negativos, decidi que também seria bom mostrar o lado bom. Não vale a pena tentar convencer os anti de que a praxe é uma maravilha, uma lição de vida e beca beca. Nem sempre é. Nem sempre é uma maravilha, nem sempre é uma lição de vida. As lições de vidas não são dadas, são aprendidas. A praxe pode ensinar algumas coisas, mas o caloiro pode aprender tanto quanto quiser com ela.

Queria então esclarecer uns pontos:

Ponto 1 - A praxe não é obrigatória, participa quem quer.
Ponto 2 - Na praxe, pode-se dizer "Não".
Ponto 3 - O intuito da praxe é integrar o caloiro, desafiá-los, pô-los à prova e fazê-los sair da casca. Não é humilhar nem maltratar.
Ponto 4 - Tem tudo a ver com a maneira como se fazem as coisas. Ter um ovo partido na cabeça pode ser considerado humilhante, se o veterano disser "Toma caloiro nojento, esfrega", ou pode ser encarado como uma brincadeira se o veterano disser "Caloira, já experimentou este novo champô?". Dou este exemplo porque foi o que me fizeram e eu nunca me senti humilhada, pois sempre me respeitaram, mesmo na brincadeira. A verdade é que também tive a sorte de estar numa faculdade em que a praxe é levada com respeito.

Dito isto, aqui ficam umas fotografias do lado "obscuro" (aka. que aparentemente ninguém conhece) da praxe:

 

 


















Todas as fotografias deste post são da autoria do Frutas.
Aviso: Este post NÃO é patrocinado pela TMN Moche, apesar de ter várias fotografias com cadernos da mesma.

11 comentários:

Margarida Almeida disse...

Sem dúvida uma sorte participar nas praxes da ESHTE :) No primeiro dia pensei "Eu não sei se quero continuar aqui" mas foram as actividades, os jogos, teatros, gincanas e todas as palhaçadas e apoio que os veteranos nos davam que me fizeram continuar, gritar pelo curso e adorar pelo que todos nós caloiros passámos. Foi com orgulho que vesti o traje e chorei no dia do nosso Traçar de Capa. Infelizmente não acontece em todo o lado, nem todos podem dizer que podem estar alegres e sorridentes nas praxes, que tiveram bons veteranos, que se preocuparam com eles, que tiveram padrinhos atentos e amigos, que fizeram amizades que mesmo depois de sair do curso sabe-se que se nos encontrarmos dá para termos uma boa conversa com gargalhadas. Tenho pena do que muitos pensam ser a Praxe, de que a praxe é humilhar e mal tratar, e digo com toda a sinceridade, que se chegue o primeiro dito "veterano" que me humilhe ou falte ou respeito, há de levar com uma boa resposta, porque não é o titulo que têm que fazem deles mais ou menos que eu. São tão pessoas quanto eu, só tenho pena de que nem todos pensem assim e se achem os maiores...

Ass: Margarida Almeida

Anónimo disse...

O problema não está nos praxados nem nos praxantes, cada um de nós que pertence a um curso e à respetiva praxe, caloiro ou não, está lá porque entende o porquê de tudo aquilo sente, e cresce a cada reunião do grupo.

Se há faculdades que levam a praxe de uma forma mais "bonita", do meu ponto de vista, que outras, há. Eu nunca precisei de experimentar champôs em qualquer momento de praxe, e se mo dissessem para fazer eu nunca o faria, porque sim, continuo a considerar estúpido e desnecessário, não se aprende nada com isso.

Fiz teatros, gritei até ficar sem voz, conheci gente nova, diverti-me e tivemos de nos juntar para concretizar as tarefas que nos eram pedidas.

É algo que quem não vive, não percebe, e cada faculdade com a sua. Eu cá nunca cheguei a casa com uma mancha que fosse de sujidade por algo que me fizessem ou pedissem para fazer. (E não percebo a necessidade, mas pronto).

O segredo não reside apenas na praxe, mas também na qualidade do praxante. Quem foi bem praxado, praxará bem.

E que comece o semestre que eu já estou com saudades daquilo!

Unknown disse...

Finalmente um bom post sobre a praxe.
Uma vergonha o que se tem dito e escrito.
Parabéns pela iniciativa

ana disse...

Parabéns aos teus praxantes! Pensava que não ia encontrar um artigo minimamente correcto no meio de tanta merd@ que se anda a dizer

Rita disse...

Atenção que praxe não é "integrar o caloiro, desafiá-los, pô-los à prova e fazê-los sair da casca."
A praxe é sentir na pele tudo o que iremos sentir psicológica e, por vezes, fisicamente ao longo da nossa vida. Psicologicamente quando, por exemplo, um veterano nos manda cuidar de um ovo um dia inteiro, ao mesmo tempo que nos manda esfregar no chão e o resultado é, mais provavelmente, o de o ovo se partir - o veterano dá uma missão super difícil, já sabendo de antemão que o mais provável é o caloiro falhar. (Estão a imaginar um professor ou patrão que vos dá uma tarefa que normalmente se faz em 48h mas que, porque ele quer, porque ele está acima de vós, tem de ser feita em 12h? Nesse caso o que fazem, reclamam com o professor/patrão ou calam-se e fazem o vosso melhor, mesmo sabendo que no fim vão estar lixados na mesma porque se reclamarem vão chumbados/despedidos?). O mesmo acontece quando o veteranos vos dá a responsabilidade de cuidar de um pertence dele, ainda que vocês estejam nas condições mais agrestes de sempre. Pior, diz que se perdem essa coisa, todos os irmãos de praxe vão sofrer com flexões. O mesmo se passará por exemplo com um patrão que vos manda entregar um documento importante, caso contrário ninguém na empresa recebe o ordenado a tempo. Há integração sim, mas isso é uma consequência.. E claro, a praxe pode ser divertida, mas convém ter certas lições por trás. Sujar só por sujar, pintar a casa só por pintar, fazer flexões só por fazer flexões é denegrir a praxe e fugir ao seu objectivo inicial.

Anónimo disse...

Pena não terem estudado, na escolinha, a força da Natureza.

Anónimo disse...

Que comentario mais idiota. Fui praxada e praxei. E a praxe nao prepara nada para a vida. Prepara sim para o curso,integra e faz com que o pessoal se conheça mais depressa. Estou a tirar nova licenciatura,agora com 26 anos e escolhi nao ser praxada,nem praxar ao longo do curso. E as minhas colegas de 18 anos nao ficaram a saber mais da vida so porque foram praxadas. Isso e lenga lenga de mau praxante que tem de justificar as mas praxes que faz.

Anónimo disse...

Que comentario mais idiota. Fui praxada e praxei. E a praxe nao prepara nada para a vida. Prepara sim para o curso,integra e faz com que o pessoal se conheça mais depressa. Estou a tirar nova licenciatura,agora com 26 anos e escolhi nao ser praxada,nem praxar ao longo do curso. E as minhas colegas de 18 anos nao ficaram a saber mais da vida so porque foram praxadas. Isso e lenga lenga de mau praxante que tem de justificar as mas praxes que faz.

Ana disse...

LOL mais mal praxante és tu, que nem o significado de praxe sabes o que é.. de certo não deves ter feito todo o caminho da vida académica dentro da praxe, para nao teres tido os ensinamentos de um bom praxante.. os exemplos que a Rita disse aplica-se a tudo na tua vida, podes é querer pensar que a praxe por ser uma brincadeira nao ensina nada, mas a verdade é que nao passa de exemplos, por mais estupidos que sejam, para conseguires superar certas dificuldades (sejam brincadeira ou não).

Anónimo disse...

Boas
Não acdredito nessa, do se poder dizer NÃO, lamento mas afirmar que se PODE dizer NÃO é desconhecer as praxes.
E já agora, que existem boas praxes, existem, mas existem praxes que nem deviam ser pensadas, quanto mais executadas, também existem. E temos de viver com isso, infelizmente. Mas atenção, vivemos num país democrático e livre, mas não é parvo.

Sara disse...

Caro Anónimo, boas!
Lamento o seu infeliz comentário. Cada um tem direito a ter a sua opinião, respeito a sua e espero o mesmo da sua parte.
Em todo o lado existe o BOM e o MAU, obviamente. Existem seres humanos bons e seres humanos maus, praxes boas e praxes más. Mas não vamos generalizar os casos...e, na verdade, cada um tem livre arbítrio para dizer NÃO, sim! Cada um, de acordo com a liberdade que tem, tem também responsabilidade pelos seus actos, pela sua própria pessoa. Cada um tem o direito de dizer NÃO a qualquer actividade de praxe. Eu própria já o fiz! Já fui praxada, (adorei), já praxei e sim, na minha actividade de praxe disse NÃO, pois não quis realizar uma actividade. Agora, uma coisa é certa, tive uma explicação e justifiquei-a, coisa que todos na praxe têm o direito de o fazer, dizer NÃO!
Para ter essa opinião é, claramente, devido a um não conhecimento de uma praxe correcta. Não sei se foi praxado/a, e isso pouco me importa, mas realmente das duas uma, ou não foi a nenhuma actividade de praxe, ou realmente só conhece alguma praxe menos boa. Infelizmente, para si.
Repito, cada um é livre das suas escolhas. A situação infeliz no Meco, dá-se a responsabilidade de cada um dos seres humanos presentes na noite. Ninguém os colocou no sítio errado, à hora errada. Foi um infeliz acidente, foi, mas da responsabilidade de cada um. Eu própria, se me dissessem que tinha de ir para a praia, à noite, com o temporal que esteve nessa altura, nunca o aceitaria! Se me expulsavam da praxe, não sei, nunca saberei pois não pertenço a uma organização de praxe. Mas, lá está, é o meu LIVRE ARBÍTRIO!
A minha LIBERDADE! De EU decidir aquilo que quero ou NÃO fazer! Mas isso sou eu, e é a minha mera opinião...coisa pouca, mas não me pretendo estender mais.
País livre! Pessoas livres! RESPONSABILIDADE advém dessa LIBERDADE!
Boas noites.