terça-feira, 1 de julho de 2008

Sorriso do Mar

Vesti apenas uma túnica branca, leve como a seda, peguei nas chaves e na toalha e saí.
Voltei à praia que mais amava.

Perdi-me no espaço e no tempo, nas pegadas inscritas na areia, nos murmúrios do mar, nas rochas desgastadas, no canto das gaivotas. Perdi-me nas crateras da minha lua, na serenidade e conforto que transmitia. O sol beijava a minha pele, como quem beija a mão de uma princesa, e o calor provocava em mim uma vontade de sentir o choque térmico causado pelo mar.
Estava apenas eu na Praia, porque é só minha. É o momento, o meu momento. Longe do mundo, mas perto do coração.

Ninguém imagina as saudades que eu tinha do mar, queria correr e atirar-me de cabeça. Mas preferi saborear o momento. Saltitei então, cantarolei e preparei a minha caixinha de memórias, fui por entre as dunas, sem sequer olhar para trás. Não parei, os meus olhos viam uma e uma só coisa: o mar. Nos últimos metros, comecei a correr. A exaltação do momento simplesmente não me prendia o suficiente para ir com calma. Corri, corri e corri. Corri de braços abertos e de olhos fechados. Senti o vento na minha cara, e sentia já a areia húmida. Foi aí que abrandei e parei, mesmo em frente ao mar.

A areia molhada era o sítio perfeito para despedir-me da saudade. Foi esse o único momento em que olhei para trás. Vi toda a distância que percorri, sem qualquer tipo de sacrifício. A vontade superou o esforço, e o arrependimento não teve lugar NUNCA neste momento, neste meu momento.
Olhei para a frente.
O mar sorriu-me, os raios do sol reflectidos no azul da água transpareciam a felicidade do reencontro e, logo a seguir, sorri também.

Foi então que mergulhei num abraço.

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