domingo, 2 de dezembro de 2012

mystery man.


Uma praia deserta perdida no nevoeiro. O rugir do oceano que se deleita na areia. Pessoas passam, são estranhos. Desconhecidos sem cara. Sem cara porque não me atrevo a dirigir-lhes o olhar, muito menos a observar os seus pormenores. As suas feições não me interessam. Interessa-me o corpo solitário que se sentou no rochedo, com os pés descalços na areia fria. Interessa-me a alma que se abandona na essência do mar. Profundo, misterioso e de uma grandeza interior que apenas conseguimos descobrir quando nos perdemos nos seus olhos de cor comum e brilho invulgar. 

Atrevo-me a aproximar, desafiando todos os limites da minha zona de conforto. Há uma força que inevitavelmente me atrai àquele ser completamente desconhecido mas que me diz algo. As minhas palavras não fazem sentido mas captam a sua atenção. E a sua atenção era tudo o que precisava para tentar furar aquela bolha que o rodeava. Era estranho e confuso como ele parecia estar de braços abertos e ao mesmo tempo fechava algo nele. O que só me entusiasmou mais para descobrir o mundo que existia nele. 

E é verdade. É um autêntico mundo, algo totalmente novo e que até ali desconhecia. E senti-me como se fosse a primeira pessoa a entrar nesse paraíso que é a sua essência. Senti-me e ainda hoje me sinto privilegiada por ter esta honra que é descobrir um bocadinho mais todos os dias.

E quanto mais descubro, mais me apaixono. 

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